quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

"Eterna falta do que falar"




Às vezes, eu vejo a necessidade de uma pessoa criar uma poesia, um poema ou um verso, que seja. A necessidade de muitos de demonstrar o amor com palavras bonitas, indecifráveis e até mesmo "neológicas". Agora me diz, para quê? A poesia não deixa o mundo mais colorido, menos violento e mais cheio de amor; aposto que a maioria dos poetas, sejam eles das ruas, dos twitters ou pseudoletrados, faz parte de grandes círculos de iludidos moralistas. Confesso que chega a ser pleonasmo citar "iludidos" e "moralistas" em uma frase, mas quem não é 'pleonástico' nesse mundo? Ouço 'entrar pra dentro' e 'sair pra fora' no meu cotidiano, nas linguagens fáticas e nas referenciais, assim como ouço que o "amor é lindo".
A poesia é a válvula de escape desse mundo, ela não serve para esquecê-lo, só é usada, em excesso, para que todos tenham uma dupla personalidade. A mesma que te faz fugir desse turbilhão de problemas, pensar que o mundo está cheio de soluções coerentes e que aquele seu melhor amigo nunca vai te trair. Sabe o que é mais legal disso tudo? Saber que ela nunca vai acabar, você pode usá-la em qualquer momento do seu dia e nem precisa ter uma Wi-Fi.
Parece contraditório eu falar que a poesia não vai acabar com seus problemas, mas logo depois ressaltar que é uma ilusão agradável, porém não é. Só condeno as palavras bonitas que dão a falsa sensação de superioridade e que condenam outros textos à simplicidade. Poucos trazem o que realmente importa, poucos são os que são entendidos em poucas linhas e se tornam grandes poetas. Quem exclui seus leitores por prática da estética são os verdadeiros iludidos, que nem mesmo entendem a si, quiçá suas palavras.